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Escola Emiliano Nunes de Moura - Japaratuba Sergipe

Ler é um exercício e liberta a alma do ser humano

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quarta-feira, 23 de março de 2011

MEMORIAL E BIOGRAFIA DE JOÃO AMARAL LOPES




MEMORIAL – PRÉDIO DO ARQUIVO PÚBLICO DE JAPARATUBA “JOÃO AMARAL LOPES”
O prédio que abriga o Arquivo Público de Japaratuba “JOÃO AMARAL LOPES”, foi por muitos anos, mesmo antes de sua aquisição pelo Poder Público, a Intendência Municipal de Japaratuba (Prefeitura). No dia 1º de março de 1928, por escritura pública ele foi adquirido por compra feita a D. Anna Accioli da Cruz. Era então Intendente (Prefeito) o Coronel Jovino de Andrade Vieira – dono do Engenho Timbó – que não podendo comparecer foi representado pelo Vereador Coronel José de Faro Rolemberg. Na escritura a casa foi descrita assim:” Uma casa de taipa e telhas, à Praça da Matriz (hoje Padre Caio Soter Loureiro Tavares) desta Villa, onde funciona a Intendência Municipal, entre as casas de José Almeida  Figueiredo e D. Emereciana Daltro Telles (Engenho Cruzes), com fundo para a Rua da Areia (hoje Praça Senador Gonçalo Rollemberg ) desta Villa”. Em 1936, na gestão do Prefeito Octávio Accioli Sobral, deu-se inicio a construção do atual prédio.No lado da Praça Padre Caio Tavares foi construída a sede da Prefeitura e no lado da Praça Gonçalo Rollemberg o Cine Popular. Tem-se notícia que por falta de um espaço era na Prefeitura que se realizavam as apresentações teatrais.Existe registro que no dia 03 de outubro de 1937, as 20:00 horas, foram encenados no Palco da Prefeitura um drama chamado “Anjo dos Pobres” e ainda vários números de cânticos e recitais.Na última semana de julho de 1937 foi inaugurado o prédio do Cinema Popular com o filme “Ódio e Vingança”.O prédio da Prefeitura só foi inaugurado no inicio de 1938 pelo Prefeito Otavio Accioli Sobral que na ocasião foi homenageado pelo Presidente da Camara Dr. Cupertino Dantas. O prédio em sua forma geral continua o mesmo da época quando foi construído, apenas com reformas nas salas da frente por mudanças nas posições das paredes. A fachada, a área e sala de entrada não mudaram.Na primeira sala funcionava a Secretaria e Tesouraria e na segunda o Gabinete do Prefeito que se comunicava por uma porta de vai e vem.No salão maior era a Camara de Vereadores. Ali também se realizavam grandes solenidades e fazia às vezes de Fórum em audiências e júris. Em muitas ocasiões foi usado para bailes principalmente da Festa de Santos Reis. Na última sala funcionava a junta de Serviço Militar. No fundo, um sanitário e daí descendo alguns degraus se chegavam a uma área aberta que dava acesso ao Cinema, onde hoje é a Camara Municipal de Vereadores de Japaratuba. Com a mudança da Prefeitura e da Camara Municipal na gestão do Prefeito Pedro Lima de Oliveira, o prédio durante certo tempo foi sede do Setor Regional de Merenda Escolar. Com o Prefeito Afonso de Oliveira Souza, passou a ser o Fórum Monsenhor Alberto Bragança de Azevedo. Transferido o Fórum para o seu local atual, funcionou ali a Secretaria Municipal de Educação até final de 2005. Com a mudança da sede da Secretaria de Educação o prédio passa a ser sede do Arquivo Público.
Texto de Eduardo Carvalho Cabral (Dez/2010)
BIOGRAFIA DE JOÃO AMARAL LOPES
(...) Nasci no Engenho Canto Escuro, 
No Canto Escuro eu me criei
Mas, ainda hoje sinto saudades 
Do tempo que lá passei(...),
João Amaral
João Amaral Lopes, comerciante, funcionário público federal, ex-combatente na Segunda Guerra Mundial, contador de estórias, inventor, poeta nato de Literatura de Cordel, nasceu no Engenho Canto Escuro, na Missão Japaratuba,  em 30 de junho de 1921. 
Filho de um operário descendente de africano e português, Marcionilo de Melo Lopes, e de Domicília Amaral Lopes, aquele que em 1942 foi convocado para o 28 B.C. (Vigésimo Oitavo Batalhão de Caçadores), após seis meses ali servindo foi designado para o destacamento da Atalaia, e, patrulhando a costa da foz do Rio Sergipe à costa do Rio Vasa Barris, a serviu na Segunda Guerra Mundial.

Também um autodidata, aos sete anos de idade, junto com os dois irmãos mais velhos, Manuel e Gileno, iniciou o curso primário, sendo então aluno da escola Professor Emiliano Nunes de Moura, única escola que realmente frequentou, concluindo aos onze anos. Naquela época na Missão não havia o 2º grau- curso pedagógico ou científico -  por ser privilégio somente da Capital.

Concluído o curso primário aos onze anos, trabalhou na casa do Sr. Leôncio e mais tarde com o Sr. Fausto Ramos, onde permaneceu por mais de um ano.  Mais tarde foi trabalhar na Fazenda Canto Escuro, para ajudar o pai na plantação de cana- de- açúcar. Naquela época trabalhou duro na companhia do seu irmão mais velho, Manuel Amaral Lopes. Quando o verão era muito seco e prolongado grande parte da safra se perdia, por falta de mecanismos que facilitariam a irrigação da plantação, pois seu pai não possuía recursos suficientes para tal.  
Um dia, aproveitando sucata da Uzina Oiterinhos, doada por seu dono, Dr. Otávio, aproveitou uma “forbica” e, com a ajuda do seu pai, Marcionilo, excelente mecânico, a transformou num sistema para irrigação. Dessa forma, a safra nunca mais foi perdida, vindo então a melhorar a colheita e a produção. 

Em 1942, ano em que o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial, forçado ao lado dos países aliados, vez que cinco navios brasileiros foram naqueles dias torpedeados, Araraquara, Baipendi, Benévolo e Itassucê. João Amaral fora então escalado para o destacamento da Atalaia, e o serviço do seu grupo era patrulhar a costa da foz do Rio Sergipe à do Vasa Barris, quando então os citados navios cargueiros e de passageiros foram torpedeados. Cita então em sua autobiografia o quanto, com os nervos bastante abalados, causava dor e emoção o fato de resgatarem ainda com vida crianças e cidadãos comuns.
Por ser àquela época motorista, foi escalado para o destacamento de Salvador, a fim de fazer um curso de aperfeiçoamento para que pudesse dirigir na Europa a serviço da guerra. Terminado o curso, embarcou para o Rio de Janeiro, onde ficou a tropa adida ao Batalhão da Guarda, esperando a formação de um contingente para embarcar com destino à Europa, mais precisamente à Itália, conforme sempre contava.  Faltando poucos dias para o embarque, através de um boletim da tarde foi informado de que a guerra enfim terminava, com a esmagadora vitória dos Países aliados.

Com o fim da guerra voltou para Sergipe, ficando agregado à Primeira Companhia até o dia 31 de julho de 1945, quando definitivamente foi licenciado. A seguir, voltou para a Fazenda Canto Escuro, onde plantou cana por dois anos consecutivos, porém nada lucrou.
Fez curso para combater a helmintose e com seu esforço foi aprovado, durante cujo período colheu caramujos, os quais eram examinados pelo enfermeiro Pedro Lima, que depois dava o resultado. Com Pedro Lima foi parar no São Francisco, sendo designados para fazerem pesquisa sobre esquistossomose de Parapitinga ao Município de Niterói, aqui em Sergipe. 

Fez concurso dos Correios para carteiro, sendo classificado em sexto lugar, e graças ao então Diretor, Dr. Chico Sobral, foi designado para Japaratuba,  cuja função desempenhou por quinze anos. Quando a Empresa foi posta em disponibilidade, foi amparado pela Lei Federal 5.315, sendo aposentado, portanto, pelo Ministério do Exército.  
Em 31 de julho de 1957 casou-se com Eunice de Aguiar Menezes, que passou a chamar-se Eunice Menezes Lopes, exemplo de mulher guerreira, trabalhadora e determinada, como sempre ressaltava e a quem muito amava. Tiveram três filhos: Jônice Maria Menezes Lopes, Jíceno Antônio Menezes Lopes e Jócine Fátima Menezes Lopes, hoje Jócine Fátima Lopes Sampaio, que, conforme sempre falava, os “três maiores tesouros da sua vida”, somados aos quatro outros tesouros seus, igualmente queridos, os netos: João Rodolfo, Renatinho e Rafael e Ajda Çiçek.  

Em 1963, recebeu em sua casa dois amigos, Renato e Gilberto, que o convidou a fornecer refeição aos funcionários da Petrobrás que explorava petróleo entre Carmópolis e Japaratuba, cuja atribuição exerceu por quase dois anos consecutivos.
Uma certa noite do ano supra-mencionado,  foi surpreendido com a visita de mais um amigo, Senhor de Zé Lalú, pai do Conselheiro Reinaldo Moura, que trouxe a notícia de que Miguel Araújo estava querendo vender-lhe a padaria. No seguinte, segundo consta, aceitou a negociação da forma proposta, e, mesmo sem ter o maquinário, comprou a padaria. Foi grande sua surpresa e decepção quando percebeu a falta de higiene do recinto e a forma como eram fabricados os pães. Daí, trabalhou com muita coragem e zelo e após três meses financiou o maquinário pelo Banco do Brasil. Foi dono da panificação por trinta e dois anos, a partir das 4 horas da manhã até às 20 horas, sem gozar sequer uma semana de férias.

Conseguiu então abrir outras lojas na cidade, chegando uma delas a levar como nome as primeiras sílabas dos seus três filhos: “Jôn-Jí-Jócine”.  
Grande incentivador do esporte, na década dos anos 70 foi Presidente da ADJ - Associação Desportiva Japaratubense de Futebol de Salão - levando a  referida Seleção a participar de vários importantes torneios por todo o Estado de Sergipe. Foi uma época de muito movimento e alegria na cidade, com a realização de diversos eventos esportivos, chegando o time a receber uma taça das mãos do então Prefeito, seu compadre e amigo, Dr. Moacir Sobral Barreto, em torneio realizado no Ginásio Charles Moritz, na cidade de Aracaju. Permaneceu contribuindo para o esporte por vários anos e, nesse sentido, teve também apoio do Prefeito sucessor, Pedro Lima de Oliveira.

Em 1987, cansado de pelejar com fatores inerentes a pessoal, resolveu parar com a panificação e deu seguimento a sua vida fazendo somente aquilo que lhe daria mais prazer. Passou a dedicar-se mais à família e a passar mais horas no “Sítio Cocoroeste”, ao lado do “Boroeste”, conforme gostava de brincar, fazendo alusão ao sítio vizinho, do qual fora o Cocó desmembrado, pertecente ao enfermeiro Pedro Lima de Oliveira. 
Dedicou-se, a partir daquele momento, a aproveitar seu tempo de forma mais saudável, escrevendo poesias, fabricando seus inventos, a exemplo de  pequenos carros cuja matéria prima, a fibra, também era de sua criação. Fabricou dois desses pequenos carros, aproveitando motores de motocicletas e adaptando outras peças. Dedicou um deles ao seu primeiro neto, João Rodolfo, e quando saía às ruas, dirigindo esses mimos em ritmo lento, era rodeado por crianças que o acompanhavam com risos e em ritmo de festa pela vida afora.

Começou também a ir às pedreiras sempre que ouvia falar sobre uma nova escavação, para cultivar fósseis. Conseguiu extrair muitos destes, sendo inclusive procurado por um grupo de pesquisadores alemães que participavam de trabalho na Universidade Federal de Sergipe, e, sendo informado sobre esse curioso cidadão, veio procurá-lo. João Amaral então teceu ao grupo explanações sobre os seus achados a quem doou alguns desses fósseis.     
Em 1969, tentou dar seguimento aos seus estudos em sala de aula, frequentando, por curto espaço de tempo, as aulas no Ginásio Professor Emiliano Nunes de Moura, mas a sua inquietude e pressa em saber sempre mais o fez com que desistisse da aula presencial e continuasse a fazê-lo sozinho. Ao longo dos anos, mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender.   Apaixonado pelos livros e por sua terra natal, o autodidata João Amaral escreveu vários poemas de Literatura de Cordel, entre os quais a sua autobiografia em versos, bem como a história de Japaratuba.  Infelizmente, tendo em vista vários motivos, inclusive o de saúde, não chegou a realizar um dos seus grandes sonhos que seria a publicação de um livro de sua autoria com todo esse rico conteúdo.
Apaixonado pela terra natal, Japaratuba, dedicou grande parte do seu tempo escrevendo a história da cidade e inclusive lutando  pela mudança da data da sua emancipação, que era comemorada em 24 de agosto. Conseguiu realizar esse intento através de sua contribuição com informações, auxiliando assim em projeto da Vereadora Berenice que, conforme documentos, concluiu que ele estava certo.
Para finalizar, segue uma das estrofes dos poemas sobre Japaratuba por ele escrito:
“Em dezembro de mil novecentos e trinta e sete
Com o mesmo nome à categoria de Cidade foi elevada
E exatamente em mil novecentos e quarenta e três,
 por força do Decreto número 377 a Comarca foi criada.”

Em 2002 começou a apresentar os primeiros sinais da doença que o levou, câncer da bexiga. Lutou contra esse mal durante sete anos, vindo a falecer no dia 28 de abril de 2009 nos braços de sua amada esposa.
Texto de Jônice Maria Menezes Lopes – Dez/2010

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